terça-feira, junho 27, 2006

Apelo de um Idoso

Quem é que já não teve oportunidade de conhecer uma pessoa idosa, enferma, dependente, carente, solitária? Talvez você tenha essa pessoa dentro do seu próprio lar. Uma mãe ou um pai nocauteado pela enfermidade ou pelas debilidades impostas pelo peso da idade. Esse alguém, que ontem era forte e dinâmico, agora se movimenta com lentidão e, às vezes, nem se movimenta, tornando-se totalmente dependente da vontade alheia.

Se você tem uma mãe, um pai ou outro familiar nessas condições, pare um pouco; olhe nos olhos dessa pessoa e tente ler seus mais secretos pensamentos. Talvez você possa ler em seus olhos tristes ou em seus lábios mudos um apelo comovente, que não tem coragem de verbalizar. É, se pudéssemos ouvir o apelo de um idoso, talvez ele fosse mais ou menos assim:

Você, que está na flor da idade, considere que o despertar da vida é como o amanhecer. Tudo fica mais quente e mais alegre. Mas o amanhecer não é eterno e a ele se sucedem outras fases do dia...o meu apelo é para que as crianças de hoje não esqueçam dos seus idosos de amanhã. É para que os mais jovens relevem a minha mão trêmula e meu andar hesitante. Amparem-me por favor.

Se minha audição não é boa e tenho que me esforçar para ouvir o que você está dizendo, tenha compaixão.

Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento é escasso, ajude-me com paciência.

Se minhas mãos tremem e derrubam tantas coisas no chão, por favor, não se irrite, tentei fazer o melhor que pude.

Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu; pare para conversar comigo; sinto-me tão só.

Se, na sua sensibilidade, me encontrar triste entre tantos que também estão, simplesmente partilhe um sorriso comigo e com eles. Seja solidário, eu necessito apenas de um pouco de carinho.

Se lhe contei pela terceira vez a mesma história, não me repreenda, simplesmente ouça-me. Se não falo coisa com coisa, não caçoe de mim.

Se estou doente e caminhando com dificuldade, não me abandone, preciso de um braço forte que ampare meus passos...

Sabe..., já vivi muitas primaveras, e sinto que o outono derradeiro se aproxima... Eu sei que o ocaso da vida é como o entardecer... Indica que é chegado o momento de partir... Por isso lhe peço que me perdoe se tenho medo da morte e ajude-me a aceitar o adeus... Fique mais tempo comigo... Para me dar segurança...

Os cabelos brancos e as rugas em meu rosto não impedem que eu queira repousar minha cabeça num colo seguro... Sei que o trem da vida logo irá parar nesta estação, e eu terei que embarcar... Sei também que terei que ir só, como só desembarquei nesta estação um dia... Por tudo isso eu lhe peço para que não me negue a sua atenção e o seu carinho. Logo estarei deixando esta vestimenta surrada pelo tempo, e rumarei para outra dimensão da vida, da vida eterna... Eis meu apelo... Que pode também ser o seu, logo mais...

O ocaso da vida é como o entardecer... Indica que é chegado o momento de partir... Mas, nem sempre a hora de partir se dá no entardecer...

Há aqueles que retornam no mesmo trem que chegam. Há os que se demoram por aqui apenas algumas horas, dias, meses...

A única certeza é que todos retornamos um dia para a pátria verdadeira, que é a pátria espiritual. Por essa razão, vale a pena viver intensamente cada minuto, dando à vida a importância que ela tem. E viver intensamente é enaltecer o tempo, no desenvolvimento das nobres virtudes que o Criador depositou na intimidade de cada filho Seu.

(FONTE: MOMENTO ESPÍRITA)

sexta-feira, junho 23, 2006

Campanha do Leite

O mês de Julho é dedicado à Nanã Buruquê, a mais velha dos Orixás, primeira esposa de Oxalá e mãe de Obaluayê (senhor da doença e da cura), Oxumarê (o arco-íris, ligação entre o Orum e o Ayê - o Céu e a Terra), Ossanhe (senhor das ervas sagradas), Ewá (deusa das fontes, do céu estrelado) e Iroko (a árvore sagrada). É a senhora da morte, responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne) deste plano. Vibra nos pântanos, lagos e lamaçais, remontando a criação do Homem, que foi moldado no barro, elemento formado da junção da água (chuva) com a terra. No sincretismo, é identificada por Sant'Anna, avó de Jesus, sendo assim considerada a "Vovó de Umbanda".

Aproveitando as comemorações múltiplas do dia 26 - dia de Sant'Anna e São Joaquim, das Vovós e Vovôs, e de Nanã -, o GUFEC realizará durante todo o mês a Campanha do Leite, objetivando arrecadar leite (em pó ou de caixa) e farináceos (maizena, cremogema, aveia, araruta, sagu etc) para o mingau de vovós e vovôs moradores de um asilo que, como a maioria destas instituições, vive exclusivamente de doações. Pondo em prática o espírito solidário estaremos semeando um futuro no qual também receberemos amparo e carinho! SALUBA NANÃ!

Senhora Sant'Anna
Mãe da Misericórdia
Eu vou pedir a ela
Para ela pedir a Deus
Ó minha mãe rogai por nós!

quinta-feira, junho 22, 2006

Calendário do mês de Julho/2006

4as feiras às 19:30h

05, 12, 19 e 26
- Irradiação / Passe / Corrente

Sábados às 15h

08
– Consultas com os Pretos Velhos

15 - Festa Julina

22 - Gira do sr. Zé Pilintra, Exus e Pombogiras

29 - Gira Mensal em Inhoaíba

Domingo dia 02

10h
- Curso de Doutrina Umbandista

16h - Gira Mensal (excepcionalmente neste dia por conta do jogo do Brasil)

Umbanda Cósmica - A Lei Oculta dos Morubixabas


Esta obra tem o objetivo de divulgar a liturgia da Escola do Primado de Umbanda, trazida do Astral pelo caboclo Mirim através do médium Benjamim Figueiredo, fundador da Tenda Espírita Mirim. Esta à venda na secretaria do GUFEC por R$ 10,00. Saravá!

quinta-feira, junho 15, 2006

O Bem que se faz - Joanna de Ângelis

Quando a ingratidão te bater à porta, não digas: nunca mais ajudarei a ninguém!

Quando a impiedade daqueles a quem beneficiaste chegar ao teu lar, não exclames: para mim, chega!

Não sofras e nem te arrependas de ter ajudado.

Nem reclames: e eu que lhes dei tudo!

Não retribuas mal por mal, pois que assim, vitalizarás o próprio mal.

O bem que se faz a alguém é sempre luz que se acende na intimidade.

Naturalmente, gostarias de receber gratidão, amizade, compreensão. Todos apreciamos experimentar os frutos da gratidão.

Pensa que a árvore jamais pergunta a quem lhe colhe os frutos para onde os carregará ou o que pretende fazer deles.

Ela se felicita por poder dar. Por se multiplicar através da semente que, atirada ao solo, o abençoa com novas dádivas de alegria.

Segue-lhe o exemplo.

Teus frutos bons, que produzam bons frutos além...

Tuas nobres tarefas, que se desdobrem em tarefas superiores mais tarde.

Fica com a alegria de fazer, de doar. Nunca com a idéia de colher reconhecimento ou gratidão.

Porque esperar gratidão pode ser também uma espécie de pagamento.

Sê tu sempre grato, mas não esperes pelo reconhecimento de ninguém.

O bem que faças, viajando sem parar em muitos corações, espalhará luz no longo curso da tua vida.

Amanhã ou depois, nos caminhos sem fim do futuro, mesmo que não o saibas ou que o tenhas esquecido, esse bem te alcançará, mais formoso, mais fecundo.

Assim, prossegue ajudando sempre. Observa como age a natureza:

O rio não cogita de examinar as bênçãos que conduz em suas águas, nem interpela o solo por onde segue.

Deixa-se jorrar, beneficiando a terra, a agricultura, as gentes.

O perfume, bailando no ar, nada pede para se espalhar até onde possa.

O grão não espera nada, além de ser triturado, para se converter em alimento.

O sol não escolhe lugar para visitar com luz, calor e vida.

A chuva não tem preferência por onde espalhar vitalidade.

Todos cooperam em nome da divindade, sem exigências e sem reclamações.

São úteis e passam. Nada esperam, nada impõem.

Age desta forma, tu também, e transforma-te num cálice de bênçãos, servindo sempre.

Se a tristeza te visitar a alma, ante a ingratidão de tantos a quem doaste o que possuías de melhor, recorda o Mestre de todos nós.

Ele disse que estava no meio de nós, como aquele que serve.

E, tendo derramado o seu amor, plenificando de vida a todos os que dele se aproximaram, recebeu na hora extrema a ingratidão do abandono.

Mesmo assim, até hoje Ele prossegue, convidando: "Vinde a mim. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim".

(FONTE: Livro "Dimensões da Verdade", Capítulo "Benefício e gratidão"; do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco).

domingo, junho 11, 2006

Falando Sério

Muitas vezes os filhos e filhas de santo não têm a mínima idéia da postura que precisam adotar em suas tendas ou terreiros, ou por não serem bem orientados ou porque realmente não se interessam. Por vezes preocupam-se mais em nutrir sentimentos inadequados como CIÚMES e INVEJA. Vejamos o que de fato deve prevalecer para que haja uma plena sintonia entre o comando e o corpo mediúnico:

PONTUALIDADE E ASSIDUIDADE, salvo para aqueles que têm compromissos outros como trabalho e família, mas que mesmo assim devem manter comunicação constante com a direção da casa para comunicar/justificar atrasos e faltas.

CONCENTRAÇÃO para poder auxiliar de fato aos trabalhos; aqueles que trabalham mediunizados, para poderem alcançar perfeita harmonia com suas entidades e transmitirem o que tiverem de melhor. Cambonos e macambas, que em 99% das casas ficam "voando", ocupando-se com inutilidades e conversas paralelas e não tomam as rédeas que seus postos exigem, também são muito importantes no funcionamento de uma gira, mais do que eles próprios se consideram. Incorporar não dá status a ninguém. A seriedade empregada nos afazeres atribuídos é indispensável. Precisamos trabalhar o mental o tempo todo para não abrirmos a guarda para a atuação de energias negativas. ORAI E VIGIAI.

DEVOÇÃO SEM FANATISMO, pois muitos idealizam que pais/mães de santo são tábua de salvação, querem que estes resolvam seus problemas mais prosaicos a qualquer custo. Nossas conquistas só têm o real valor quando adquiridas pelo nosso próprio esforço, daí vem o merecimento. E mais: pais e mães de santo são pessoas comuns, têm vida particular, adoecem, podem levantar da cama de mau humor. ÀS VEZES, SÃO ELES QUE PRECISAM DE UM AFAGO, UMA PALAVRA AMIGA, UM COLO, mas raramente aqueles que os procuram se dão conta disso. Não temos o direito de sugar-lhes as energias apenas por banalidades ou caprichos. Dirigir casa de santo requer cuidar de filhos e filhas, cada qual com seu enredo de orixá, tipo de mediunidade etc; atender consulentes; defender-se de demandas, entre outras responsabilidades. Resumindo: NÃO É FÁCIL! Precisamos aprender a respeitar os limites de cada um, afinal somos seres humanos, encarnados num plano cuja jornada é tarefa árdua, mas não impraticável.

INSTRUÇÃO, pois o médium precisa compreender aquilo que está se propondo a praticar. Ler bons livros, que realmente lhe esclareçam o porquê de sua existência na Terra, da interação com o mundo espiritual, entre outros tópicos de suma importância. Preocupar-se apenas em aprender mandingas e encantamentos não é o essencial para a evolução. Quando não souberem ou não compreenderem algo, não se acanhem de perguntar, ter dúvidas não é motivo de vergonha.

REFORMA ÍNTIMA, porque de nada adianta vestir a roupa branca, bater cabeça aos pés do gongá, arriar agrados para exprimir devoção aos Orixás e entidades se nossa vida cotidiana não reflete a realidade, que seria aplicarmos as inspirações benéficas que eles nos trazem. É necessária uma auto-avaliação constante, para depurarmos hábitos e atitudes e nos policiarmos para ver se realmente somos aquilo que pregamos.

Somando tudo isso, é certo que estaremos no caminho ideal para o cumprimento de nossas obrigações como UMBANDISTAS.

Que Oxalá nos abençoe! Axé e saravá a todos!

12 de Junho - Dia dos Namorados

ALMAS ENAMORADAS

Geralmente, é na juventude do corpo que temos despertado o interesse em buscar alguém o sexo oposto para compartilhar dos nossos sonhos. Quando encontramos a alma eleita, o coração parece bater na garganta e ficamos sem ação. Elaboramos frases perfeitas para causar o impacto desejado, a fim de não sermos rejeitados. Então, tudo começa. O namoro é o "doce encantamento".

Logo começamos a pensar em consolidar a união e nos preparamos para o casamento. Temos a convicção de que seremos eternamente felizes. Nada nos impedirá de realizar os sonhos acalentados na intimidade.

Durante a fase do namoro é como se estivéssemos no cais, observando o mar calmo que nos aguarda, e nos decidimos por adentrar na embarcação do casamento. A embarcação se afasta lentamente do cais e os primeiros momentos são de extrema alegria, são os minutos mais agradáveis. Tudo é novidade.

Mas como no casamento de hoje observa-se a presença do ontem, representada por almas que se amam ou se detestam, nem sempre o suave encantamento é duradouro.

Tão logo os cônjuges deixem cair as máscaras, afiveladas com o intuito de conquistar a alma eleita, a convivência torna-se mais amarga.

Isso acontece por estarem juntos espíritos que ainda não se amam verdadeiramente, que é o caso da grande maioria das uniões em nosso planeta.

Assim sendo, tão logo a embarcação adentra o alto mar, e os cônjuges começam a enfrentar as primeiras tempestades, o primeiro impulso é de voltar ao cais, mas ele já está muito distante... O segundo é o de pular fora da embarcação. E é o que muitos fazem. E, como um dos esposos, ou os dois, têm seus sonhos desfeitos, logo começam a imaginar que a alma gêmea está se constituindo em algema e desejam ardentemente libertar-se. E o que geralmente fazem é buscar outra pessoa que possa atender suas carências.

Esquecem-se dos primeiros momentos do namoro, em que tudo era felicidade, e buscam outras experiências. Alguns se atiram aos primeiros braços que encontram à disposição para logo mais sentirem novamente o sabor amargo da decepção. Tentam outra e outra mais, e nunca acham alguém que consolide seus anseios de felicidade. Conseguem somente infelicitar e infelicitar-se a si mesmos, na busca de algo que não encontram.

Se a pessoa com quem nos casamos não era bem o que esperávamos, lembremo-nos de que, se a escolha foi feita pelo coração, sem outro interesse qualquer, é com essa pessoa que precisamos conviver para aparar arestas. Lembremo-nos de que na Terra não há ninguém perfeito, e que nossa busca por esse alguém será em vão. E se houvesse alguém perfeito, esse alguém estaria buscando alguém também perfeito que, certamente, não seríamos nós.

Você sabia que os casamentos são programados antes do berço? Nós planejamos, antes de nascer, se vamos ou não casar, com quem iremos nos casar e quem serão nossos filhos. Assim, temos o cônjuge que merecemos e o melhor que as leis divinas estabeleceram para nós.

Dessa forma, busquemos amar intensamente a pessoa com quem dividimos o lar, pois só assim conseguiremos alcançar a felicidade que tanto almejamos.

(FONTE: Momento Espírita)

segunda-feira, junho 05, 2006

Trem da Vida

Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros. Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos, estarão sempre conosco: nossos pais. Infelizmente, isso não é verdade, em algumas estações eles descerão e nos deixarão órfãos do seu carinho, amizade e companhia insubstituível... Mas isso não impede que durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós embarquem.

Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos. Muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio, outros encontrarão nessa viagem somente tristeza, ainda outros circulam pelo trem, prontos a ajudar quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que quando desocupam seu assento, ninguém nem sequer percebe. Curioso é constatar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes dos nossos, portanto somos obrigados a fazer este trajeto separado deles, o que não impede, é claro, que durante a viagem, atravessemos com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles... Só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas... Porém, jamais retornos.

Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tiverem de melhor, lembrando sempre que em algum momento do trajeto eles poderão fraquejar e provavelmente precisaremos entender isso, porque nós também fraquejamos muitas vezes e com certeza haverá alguém que nos estenderá a mão. O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.

Eu fico pensando se quando eu descer desse trem sentirei saudades... Acredito que sim. Separar-me de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo, doloroso. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram... e o que vai me deixar feliz será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.

Façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranqüila, que tenha valido a pena e que quando chegar a hora de desembarcarmos, esse lugar vazio traga saudades e recordações para aqueles que prosseguirem a viagem...

(FONTE: contribuição da médium Sueli)

domingo, junho 04, 2006

Tempestades da Vida

Há noites muito escuras em que o vento violento e ruidoso traz a tempestade inclemente. Os trovões e os relâmpagos invadem a madrugada como se fossem durar para sempre. Não há como ignorar os sentimentos que tomam de assalto nossos frágeis corações. O medo e a incerteza tiram nosso sono, e passamos minutos infindáveis, imaginando o pior, temerosos de que o céu possa, de um momento para o outro, cair sobre nossas cabeças.

Sem, no entanto, qualquer aviso, o vento vai se acalmando, as gotas de chuva começam a cair com menos violência e o silêncio volta a imperar na noite. Adormecemos sem nos dar conta do final da intempérie, e quando acordamos, com o sol da manhã a nos beijar a fronte, nem sequer nos recordamos das angústias da noite. Os galhos caídos na calçada, a água ainda empoçada na rua, nada, nenhum sinal é suficientemente forte para que nos lembremos do temporal que há poucas horas nos assustava tanto. Assim ainda somos nós, criaturas humanas, presas ao momento presente. Descrentes, a ponto de quase sucumbir diante de qualquer dificuldade, seja uma tempestade ou revés da vida, por acreditar que ela poderia nos aniquilar ou ferir irremediavelmente.

Homens de pouca fé, eis o que somos. Há muito tempo fomos conclamados a crer no amor do Pai, soberanamente justo e bom, que não permite que nada que não seja necessário e útil nos aconteça. Mesmo assim continuamos ligados à matéria, acreditando que nossa felicidade depende apenas de tesouros que as traças roem e que o tempo deteriora. Permanecemos sofrendo por dificuldades passageiras, como a tempestade da noite, que por mais estragos que possa fazer nos telhados e nos jardins, sempre passa e tem sua indiscutível utilidade.

Somos para Deus como crianças que ainda não se deram conta da grandiosidade do mundo e das verdades da vida. Almas aprendizes que se assustam com trovões e relâmpagos que, nas noites escuras da vida, fazem-nos lembrar de nossa pequenez e da nossa impotência diante do todo. Se ainda choramos de medo e não temos coragem bastante para enfrentar as realidades que não nos parecem favoráveis ou agradáveis, é porque em nossa intimidade a mensagem do Cristo ainda não se fez certeza. Nossa fé é tão insignificante que ante a menor contrariedade bradamos que Deus nos abandonou, que não há justiça. Trata-se, porém, de uma miopia espiritual, decorrente do nosso desejo constante de ser agraciados com bênçãos que, por ora, ainda não são merecidas. Falta-nos coragem para acreditar que Deus não erra; que esta característica não é dele, mas apenas nossa, caminhantes imperfeitos nesta rota evolutiva. Falta-nos humildade para crer que, quando fazemos a parte que nos cabe na tarefa, tudo acontece na hora correta e de forma adequada. As dores que nos chegam e nos tocam são oportunidades de aprendizado e de mudança para novo estágio de evolução. Assim como a chuva, que embora nos pareça inconveniente e assustadora, em algumas ocasiões, também os problemas são indispensáveis para a purificação e renovação dos seres. Por isso, quando tempestades pesarem fortemente sobre nossas cabeças, saibamos perceber que tudo na vida passa, assim como as chuvas, as dores, os problemas. Tudo é fugaz e momentâneo. Mas tudo, também, tem seu motivo e sua utilidade em nosso desenvolvimento.

quinta-feira, junho 01, 2006

Junho - mês de Xangô - folguedos e sincretismo

As festas juninas têm uma evidente conotação com o trabalho agrícola, por se tratar de uma manifestação que retrata a abundância da messe. Representam a sementeira, o curso do cultivo e a colheita, seguidas pelas comemorações festivas, quando se agradece pela safra e se faz um pedido para que a próxima semeadura tenha os mesmos resultados.

Os agricultores precisavam da fertilidade da terra a das condições benéficas do clima, recorrendo por isso à proteção dos deuses e dos elementos da natureza: a Terra, a Água, o Ar e, principalmente, o Fogo, revitalizador e transformador.

Daí o costume de acender fogueiras para afugentar os maus espíritos, de enfeitar as árvores, de dançar e cantar em regozijo e agradecimento. Durante muitos anos os rituais de fertilidade foram muito importantes para todos os povos e perduraram através dos tempos. Na era cristã não havia como ignorá-los, mesmo sendo considerados pagãos.

Por isso os festejos de solstício de verão em diversas partes da Europa e Oriente Médio, foram de certo modo absorvidos pela Igreja Católica como forma de dissipar estes cultos não-cristãos, sendo incorporados às comemorações do dia de São João, que teria nascido em 24 de junho, dia do solstício.

Foram trazidas ao Brasil pelos portugueses, que já as celebravam na Europa, desde tempos mais remotos. Neste país foi incluída a festa de Santo Antônio, em 13 de junho e a tradição houve por bem completar o ciclo com os festejos de São Pedro e São Paulo, ambos apóstolos grande maior importância, homenageados em 29 de junho.

As festas juninas, hoje altamente difundidas nas áreas urbanas, homenageiam Santo Antônio, São João e São Pedro. Durante a noite inteira, se dança, canta e consome-se alimentos chamuscados pelo fogo e bebidas originárias dos produtos da terra. Tudo isso acontece em pátios enfeitados com bandeirinhas, mastros e muitas barraquinhas onde todos dançam a quadrilha.

A relação da Umbanda com os santos juninos se dá pelo sincretismo. Com São João, o Batista, por exemplo, se dá pelo fato da fogueira o relacionar a Xangô, o orixá do fogo, e conseqüentemente, aos rituais da Roda de Xangô, ilustre celebração dedicada a este Orixá, realizada junto à fogueira, onde são entoadas as rezas ao antigo Alafin de Oió.

De acordo com os Evangelhos, o pescador Simão Pedro foi o primeiro dos discípulos a professar a fé de que Jesus era o filho de Deus. Jesus confiou a ele que sua palavra fosse perpetuada e simbolicamente lhe foram entregues “as chaves do Reino do Céu”, que seriam suas leis, seus ensinamentos que nos conduziriam às moradas divinas. Por esta razão que São Pedro é representado com chaves na mão e a tradição apresenta-o como porteiro do Paraíso. Xangô é o Orixá da Justiça e as chaves representariam a Lei Universal, Divina. Talvez alguém conclua que Pedro significa pedra, e pedra vem de pedreira, ponto de força de Xangô, mas seria uma conclusão por demais forçosa. Kaô Kabecile!

Estava dormindo sobre a pedra...
Quando Nazareno me chamou!
Acorda que tá na hora!
E vem ouvir o lindo brado de Xangô!

Calendário do mês de Junho/2006

4as feiras às 19:30h

07, 14
(distribuição de pães em homenagem a Santo Antônio), 21 e 28 - Irradiação / Passe / Corrente

Sábados às 15h

03
- Gira Mensal

10 - Gira de Pretos Velhos com consultas

17 - Gira de sr Zé Pilintra, Exus e Pombogiras em louvor a Santo Antônio

24 - Fogueira de São João em Inhoaíba

Domingo às 15h

04
- Curso de Doutrina Umbandista para os médiuns